terça-feira, 1 de abril de 2008

Casa de bonecas - Capítulo 4

Eu e minha avó



Café da manhã de Minas é tudo na vida de uma pessoa que mora na correria de São Paulo. Meu coração é mineiro. Na briga pelo ouro, sinceramente não me importei sobre quem foi o real vencedor, desde que Minas continuasse com toda a comida!!! Tão cedo e eu estava rindo sozinha! De repente me toquei que poderia acordar dona Te... Nem terminei o pensamento:

- Dona Tereza!!! Dormiu bem? - perguntei.
- Unhum.

Ah, véia turrona, como te gosto! - Pensava eu olhando pra cara séria dela. Vovó não gostava muito de falar quando acordava. Mas comigo não tinha jeito. Eu começava a falar besteira e logo ela soltava um...

- Pára, essa menina!

Claro que sempre seguido de risos. Vovó tentava resistir às minhas pérolas, mas não tinha jeito. E quando o assunto era...

- Tá namorando algum moço? Tô achando que cê tem que arrumar um casamento - ela dizia preocupada com meu futuro.

Agora era a minha vez...

- Unhum.
- Acha menina!!! Isso é resposta??? - Indignada falava a velha mulher dona de grande parte do meu, às vezes, gelado coração.

Mas agora meu coração era quente porque era mineiro. Café da manhã na velha fazenda de Dona Tereza não podia faltar pão de queijo, broa, milho cozido, doces e biscoitos caseiros.

- Benditos sejam os portugueses e todas as especiarias que trouxeram em seus navios! - Falei rindo, já esperando a indignação!
- Minha família veio da Alemanhã - Informou-me em sinal de protesto.
- Mas a senhora nasceu em Mi-nas! - Falei em tom de deboche, rindo.
- Mi-nas, Mi-nas, menina irritante - fingia-se de brava.

Daí eu beijei ela, né?! Pois era o que ela estava me pedindo. Minha avó tinha um jeito estranho de pedir as coisas, mas o que importava mesmo era que eu a entedia e sabia sempre exatamente o que ela queria. Esse momento seria o mais apropriado para falar dos meus planos para o dia seguinte. Ela estava descontraída. Ana era filha do prefeito, que sempre foi amigo de vovó. Ocorreu-me que talvez vovó não se importasse de ter Ana ali. Geórgia era minha amiga de infância. Como pra vovó ninguém crescia, aquilo seria juntar as crianças! Tomei fôlego e falei o que estava pensando. Para minha surpresa, ela não apresentou nenhuma resistência. Pareceu até gostar da idéia. Acho que minha presença na fazenda havia acalmado o coração da minha avó. Bom, agora eu tinha que mexer o corpo. Havia alguns meninos que ajudavam no serviço da fazenda - filhos do Zé e Jão, homens de confiança de vovó - as mulheres da casa, as meninas, ou seja, tinha que ser algo pra muita gente. Eu só queria gente de casa na comilança. Era importante não constranger vovó e manter aquele bom humor.

8 comentários:

Luciana Cecchini disse...

Amiga querida, esse capítulo tá uma delícia! Foi o que mais gostei!

Friendlyone disse...

Amiga querida, até eu gostei, acredita?

Olha... cê sabe...sou devagar, mas sempre. Tá muito bom fazer isso com você!

Luciana Cecchini disse...

O melhor, amiga, é que só a gente tá comentando.... rsrsrsrsrs será que só a gente se lê????

Bjo!

Friendlyone disse...

Lucciana, aprecio todo e qualquer comentário aqui. Mas confesso, esse conto, que é nosso, tem sido tão pra mim. Tô me curtindo... aprendendo... Embora com mil coisas na cabeça, sem o tempo que eu queria... Pra mim tá bão demais.

Há braços!
:-)))

Letícia disse...

Dou a maior força pra vcs. Levam a frente um trabalho, uma narrativa e não param pelo caminho. Faço parte de um blog tb em que outras pessoas escrevem, mas tô meio me sentindo como Renato Russo... "Meus amigos estão todos procurando emprego..." Aí fica difícil a participação de todos. Eu trabalho, mas quando tô em casa, tô escrevendo. Faço o que posso. Se serve de ajuda, virei sempre por aqui e lerei o texto inteiro. Espero que continuem.

Letícia

Pratas Diversas disse...

Também espero que continuem, adoro ler as histórias, principalmente por ter Ana no meio, e Minas, por eu ter um pezinho lá, rsrs.. não parem, cresçam ainda mais... está lindo!!!
Ah! se um dia fizermos um chá, eu levo o pão de queijo mineiro...
Um bjo no coração de vcs!!!

Narradora disse...

Eu estou adorando a história, e torço pra que vocês continuem.
Devo confessar que me deu uma saudade da minha avó e do pão de quiejo que ela faz.
bjs.

Beto Mathos disse...

Caramba...
Deu certo esse trem mesmo, hein?
Lindo, poético, sutil e apaixonante.